Marco de Canaveses
Implantada numa encosta da margem esquerda do Tâmega, Vila Boa do Bispo impressiona pela sua monumentalidade. Estas dimensões podem ser explicadas pela importância que deteve ao longo dos períodos medieval e moderno, destacando-se a atenção que o poder senhorial lhe dedicou, nomeadamente a linhagem dos Gascos (ou dos Ribadouros).
Embora profundamente alterado no período moderno, os vestígios românicos ajudam a compreender a riqueza histórica deste Mosteiro.
Na fachada principal destacam-se as duas arcadas cegas que ladeiam o portal, muito originais, que ostentam uma composição característica do românico do eixo Braga-Rates.
Estes elementos e outros dispersos pela estrutura colocam a construção românica de Vila Boa do Bispo entre os séculos XII e XIII.
É provável que, dada a existência de contrafortes, a primitiva capela-mor fosse quadrangular e abobadada.
Outro elemento que recorda a edificação medieval e a ligação à nobreza da região são os túmulos subsistentes e que apontam para sepultamentos ao longo dos séculos XIII e XIV.
O interior é marcado pelo espírito barroco, que através de várias técnicas e materiais criou um espaço particularmente monumental e luminoso.
Sob os caixotões do teto da capela-mor foi identificado um conjunto de pinturas murais do século XVI, evidenciando a cultura dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho.
Tipologia: Mosteiro
Classificação: Monumento Nacional – 1977
Percurso: Vale do Tâmega
990-1022 - Segundo a tradição, foi fundado o Mosteiro de Vila Boa do Bispo por D. Sisnando, irmão de Monio Viegas;
1012 - Refere-se o Monasterio S. Mariae Villaebonae;
1022 - Data contida na inscrição funerária de D. Monio Viegas e de dois dos seus filhos, D. Egas Moniz e D. Gomes Moniz, gravada numa tampa de sarcófago no claustro do Mosteiro de Vila Boa do Bispo;
1120 - Documenta-se o Monasterium… de Villa Noua [sic] episcopi;
1141, fevereiro, 12 - O Mosteiro de Vila Boa do Bispo, ou mais concretamente, o prior D. Egas, seu irmão D. Monio e seus frades, receberam carta de couto outorgada por D. Afonso Henriques;
1142 - O bispo do Porto, D. Pedro Rabaldis (1138-1145) visita a capela onde D. Sisnando estaria sepultado, mandando posteriormente transferir o seu túmulo para o Mosteiro de Vila Boa [do Bispo];
1143 - Já há notícias da presença dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em Vila Boa do Bispo;
1144 - Por Breve do Papa Lúcio II (1144-1145) foi feita mercê aos priores do Mosteiro de poderem usar mitra;
1153 - Por Bula do Papa Anastácio IV (1153-1154), os priores receberam ainda a distinção do uso do báculo;
Séculos XII-XIII - Cronologia dos testemunhos românicos remanescentes em Vila Boa do Bispo;
1297 - Papa Bonifácio VIII (1294-1303) fez expressa confirmação da Regra de Santo Agostinho no Mosteiro de Vila Boa do Bispo;
Século XIII - O Mosteiro de Vila Boa do Bispo detinha muitos casais e padroados em diversas freguesias da região;
Século XIV - Conceção do túmulo de D. Salvado Pires;
1320 - O Mosteiro de Vila Boa do Bispo surge taxado em 1500 libras;
1348, novembro, 25 - Inscrição gravada no túmulo de D. Nicolau Martins, prior do Mosteiro;
1362 - Os túmulos de D. Júrio Geraldes e de D. Nicolau Martins foram encomendados pelo primeiro, depois desta data, a uma mesma oficina;
1381, janeiro, 30 - Inscrição funerária gravada na secção lateral da tampa do túmulo de D. Júrio Geraldes, Corregedor de D. Fernando (1387-1383) no Entre-Douro-e-Minho;
1475 - Começa a apresentação de abades comendatários em Vila Boa do Bispo;
Século XVI (meados) - Fim da apresentação de abades comendatários, com D. Miguel de Almeida;
1593 - O Mosteiro de Vila Boa do Bispo é integrado na Congregação de Santa Cruz em Coimbra;
1599-1686 - Datas extremas das várias cartelas colocadas no interior do edifício e que testemunham a grande campanha de transformação deste durante a Época Moderna;
1605 - Aplicou-se reforma ao cenóbio de Vila Boa do Bispo;
Século XVII (2.ª metade) - Transformação da fábrica românica de Vila Boa do Bispo;
1650-60 - Campanha azulejar do batistério;
1686 - Possível edificação da sacristia, abrindo-se para o efeito uma porta de acesso na capela-mor, devidamente identificada sobre a ombreira;
Século XVIII (1.ª metade) - Com base nos elementos estilísticos, cronologia da intervenção de barroquização do interior da Igreja;
1727 - Data inscrita no lavatório da sacristia;
1740 - Campanha azulejar da capela-mor;
1758 - Conforme indiciam os dados facultados pelas Memórias Paroquiais, o edifício de Vila Boa do Bispo já apresentaria um aspeto idêntico ao que hoje conhecemos;
1882-1888 - Obras de apeamento e reconstrução da torre;
1886, novembro, 16 - Projeto das escadas interiores torneando as paredes da torre;
1977 - Classificação da Igreja (e túmulos) de Vila Boa do Bispo como Monumento Nacional e da área do antigo Mosteiro como Imóvel de Interesse Público;
1997 (depois de) - Reposição dos rebocos nos paramentos interiores e exteriores da Igreja;
2010 - O Mosteiro de Vila Boa do Bispo passa a integrar a Rota do Românico;
2012 - Intervenção de conservação da abóbada da capela-mor, pondo a descoberto a pintura mural seiscentista após a remoção dos caixotões existentes.
Santa Maria – 15 de agosto
Por marcação
Domingo - 11h30
Monumento não acessível a visitantes com mobilidade reduzida.
+351 255 810 706
+351 918 116 488
visitasrr@valsousa.pt
Como chegar:
41,130387, -8,220496
Av. Padre António da Cunha Machado, Vila Boa do Bispo, Marco de Canaveses, Porto
Se vem do Norte de Portugal através da A28 (Porto), da A3 (Porto), da A24 (Chaves/Viseu), da A7 (Póvoa de Varzim) ou da A11 (Esposende/Marco de Canaveses) siga na direção da A4 (Bragança/Matosinhos) e saia para Penafiel/Lousada. Tome a direção de Penafiel e depois siga a sinalização da Igreja de Abragão. Em Abragão, rume a Vila Boa do Bispo, cruzando o rio Tâmega.
A partir do Porto opte pela A4 (Vila Real). Saia em Penafiel/Lousada e siga na direção de Penafiel e depois na de Abragão. Continue até Vila Boa do Bispo.
Se vem do Centro ou Sul de Portugal pela A1 (Porto) ou pela A29 (V.N. Gaia) opte pela A41 CREP (Vila Real). Escolha depois a A4 (Vila Real) e saia no nó de Penafiel/Lousada. Siga na direção de Penafiel e depois na de Abragão. Continue até Vila Boa do Bispo.
Se já se encontra na cidade do Marco de Canaveses, tome a direção de Vila Boa do Bispo / Alpendorada pela estrada N210.