Resende
Da construção românica do complexo monástico de Cárquere, de que prevalece ainda a organização espacial, apenas resta hoje, além da torre, a fresta da capela funerária dos Resendes.
A Cárquere liga-se o poder senhorial desta família, cruzando-se aqui também a história e a lenda, que atribui a fundação deste Mosteiro a Egas Moniz, o aio de D. Afonso Henriques, após o milagre da cura das pernas do primeiro rei.
A fresta do panteão dos Resendes apresenta, no interior, uma ornamentação geométrica e, no exterior, os motivos das chamadas "beak-heads" [cabeça de animal com um bico proeminente].
Os capitéis exibem representações de aves. Da medievalidade são ainda as imagens da Virgem de Cárquere e da Virgem do Leite.
A primeira tem suscitado curiosidade pelas suas dimensões e, sobretudo, por ter sido encontrada, segundo a lenda, num local ermo próximo ao qual mais tarde se fundaria o Mosteiro.
A estrutura da Igreja mistura vários estilos: a abóbada nervurada e a janela da capela-mor são de cariz gótico, sendo o arranjo dos portais principal e lateral norte já de gosto manuelino.
As pinturas murais subsistentes na nave são do mesmo período da campanha manuelina e representam Santo António e Santa Luzia e um conjunto de anjos esvoaçantes.
Tipologia: Mosteiro
Classificação: Monumento Nacional – 1910
Percurso: Vale do Douro
1125 - Frei Teodoro de Melo leu (em 1732) uma inscrição integrada nas paredes da Casa da Residência, que considerou alusiva à fundação do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere;
Século XII (2.º quartel) - Fundação do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere;
1146 - D. Egas Moniz terá deixado em testamento vários legados ao Mosteiro de Santa Maria de Cárquere;
Século XII/XIII - Edificação do conjunto monástico de Santa Maria de Cárquere, incluindo a torre;
1279 - Bula de Nicolau III (1277-1280) confirma a autonomia e as prerrogativas do Mosteiro de Cárquere;
Século XIII/XIV - Construção da capela-mor gótica da Igreja;
1320 - O Mosteiro de Santa Maria de Cárquere era o único mosteiro de Cónegos Regrantes de Santo Agostinho na diocese de Lamego;
Século XV (1.ª metade) - Possível edificação do panteão dos Resendes;
Século XVI - Transformação manuelina da Igreja de Santa Maria de Cárquere;
1511 - O Mosteiro de Cárquere foi entregue ao comendatário Francisco Suzarte;
1541 - Por ordem de D. João III (1521-1557) Cárquere passa a integrar os bens da Companhia de Jesus;
1545-1560 - Campanha de pintura mural no corpo da Igreja;
1554 - Devassa ao Mosteiro e aos seus cónegos;
1562 - Cárquere passa definitivamente para as mãos da Companhia de Jesus;
1578 - Bula de Gregório XIII (1572-1585) dissolve as obrigações claustrais de Cárquere e confirma a transferência das rendas das mesas prioral e conventual para o Colégio Jesuíta de Coimbra;
1600 - Com a morte do vigário Baltasar Botelho tem início um litígio entre os jesuítas e o bispo de Lamego sobre a posse e apresentação da Igreja de Cárquere;
Séculos XVII e XVIII - Conceção das estruturas retabulares de Cárquere;
1759 - Com a expulsão dos jesuítas e com o sequestro dos seus bens, o complexo monástico de Cárquere transita para a administração da Universidade de Coimbra;
1775-1797 - Os visitadores fazem várias queixas e admoestações relativas ao estado de ruína do complexo de Cárquere e do seu equipamento litúrgico;
1797 - Joaquim José, do Enxertado, e José Pinto de Figueiredo, de Paços, foram contratados para realizar obras de fundo na estrutura do edifício eclesial e anexos;
1798 - A pedido da Real Junta da Universidade, o pároco de Cárquere elaborou um exaustivo inventário do mobiliário, alfaias e paramentos assim como dos rendimentos, despesas e alguns elementos estatísticos referentes à freguesia;
Século XVIII (2.ª metade) - Entaipamento da porta que ligava a casa dos padres ao corpo da Igreja;
1806 - Obras de reparação ao nível do claustro de uma parede caíra no ano anterior;
1829-1832 - Foram feitos vários trabalhos de pedraria na Igreja, na sacristia e na residência de Cárquere;
1950-2012 - O conjunto remanescente do Mosteiro de Cárquere tem sido alvo de diversas intervenções de conservação;
2010 - Integração do Mosteiro de Santa Maria de Cárquere na Rota do Românico;
2015 - Conservação das coberturas e paramentos exteriores; conservação e restauro do património móvel integrado, no âmbito da Direção Regional de Cultura do Norte;
2017 - Salvaguarda da envolvente do Mosteiro de Cárquere: reabilitação paisagística do Parque do Carvalhal, no âmbito da Rota do Românico.
Santa Maria – 15 de agosto
Por marcação
Sábado - 17h (inverno) / 18h30 (verão); domingo - 8h15 e 11h30
Monumento não acessível a visitantes com mobilidade reduzida.
+351 255 810 706
+351 918 116 488
visitasrr@valsousa.pt
Como chegar:
41,087299, -7,95801
Rua do Mosteiro, Cárquere, Resende, Viseu
Se vem do Norte de Portugal através da A28 (Porto), da A3 (Porto), da A24 (Chaves/Viseu), da A7 (Póvoa de Varzim) ou da A11 (Esposende/Marco de Canaveses) siga na direção da A4 (Bragança/Matosinhos). Saia no nó de Mesão Frio/Régua da A4. Siga na direção de Mesão Frio pela N101, saindo depois para Gestaçô/S. Marinha do Zêzere/Resende. Rume a Resende e depois siga a sinalização do Mosteiro de Cárquere.
A partir do Porto opte pela A4 (Vila Real). Saia no nó de Mesão Frio/Régua. Siga na direção de Mesão Frio pela N101, saindo depois para Gestaçô/S. Marinha do Zêzere/Resende. Rume a Resende.
Se vem do Centro ou Sul de Portugal pela A1 (Porto), saia para o IP3 (Viseu). Siga pela A24 (Vila Real) e saia em Bigorne. Rume na direção de Bigorne pela N2, seguindo depois a sinalização do Mosteiro de Cárquere.
Se já se encontra na vila de Resende, siga na direção do Mosteiro de Cárquere, respeitando a sinalização da Rota do Românico.